A inflação perdeu força pelo quarto mês consecutivo e fechou junho em 0,24%, mostram dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e noticiado pelo UOL. Puxada pela primeira queda de preço dos alimentos desde agosto do ano passado, a desaceleração não impediu o furo do teto da meta em 12 meses.
Como foi o IPCA
Inflação desacelera pela quarta vez seguida. A variação de 0,24% registrada em junho é a menor de 2025. Ainda assim, a taxa é a maior para o período desde 2022 (+0,67%). No ano passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho foi de 0,21%.
Variação anual do IPCA volta a ganhar ritmo. Após interromper a trajetória de quatro altas consecutivas em maio, a inflação acumulada em 12 meses subiu para 5,35% para o intervalo entre julho de 2024 e junho deste ano. O avanço é o maior para o período desde 2022 (+11,89%). Já no acumulado do primeiro semestre, a inflação totaliza 2,99%.
Índice estoura o teto da meta em 12 meses. A constatação considera que a inflação acumulada superou o limite de 4,5% em todos os meses desde o início da adoção da meta contínua, em janeiro de 2025. Para que o intervalo de tolerância definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 1,5 ponto percentual não fosse ultrapassado, seria necessária uma deflação de ao menos 0,57%.
Banco Central precisa justificar furo da meta. O estouro registrado obriga o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, a enviar uma carta ao ministro da Fazenda. O documento deve explicar os motivos que levaram ao estouro e estabelecer um prazo para a convergência do IPCA ao intervalo da meta. Segundo o BC, a carta aberta será apresentada às 18h.
Alimentos mais baratos
Inflação dos alimentos e bebidas recua. A baixa de 0,18% é a primeira registrada pelo grupo de despesas desde agosto do ano passado. A queda foi influenciada pelo custo da alimentação no domicílio, que passou de 0,02% em maio para -0,43% em junho.
Vilões recentes aliviam o bolso das famílias. A primeira deflação dos alimentos em nove meses ocorreu com a redução de preço do ovo de galinha (-6,58%), do arroz (-3,23%) e das frutas (-2,22%). Entre as altas, os destaques ficam por conta do tomate (+3,25%) e o café moído, que engatou a 18ª alta consecutiva e mais do que dobrou de preço em um ano e meio.
Alimentação fora de casa segue mais cara. Apesar da desaceleração d alta para 0,46%, o custo do consumo fora do domicílio contou com as altas dos subitens lanche (de 0,51% para 0,58%) e da refeição (de 0,64% para 0,41%).
Deflação dos alimentos impacta na difusão do IPCA. Os dados do IBGE mostram que a queda de preços do grupo derrubou p percentual de itens com inflação de 60% para 54%, o menor patamar desde julho de 2024 (47%). Naquele mês, o preço dos alimentos havia recuado 1%.
“Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%.”
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA
Conta de luz pesa no bolso
Tarifas de energia elétrica têm nova alta. O aumento de 2,96% no custo da conta de luz residencial foi motivado pela implementação da bandeira tarifária vermelha patamar 1 nas contas de energia elétrica residencial no mês de junho. A determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) eleva o valor das contas em R$ 4,46 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora).
“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%.”
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA
Bandeira é justificada pelo baixo volume de chuvas. A agência reguladora afirma que a redução da geração de energia hidrelétrica aumentou a utilização de fontes de energia mais onerosas, como as usinas termoelétricas. O cenário resulta e um custo adicional para as tarifas de energia.
Reajustes também impactaram no resultado. Além da mudança na bandeira tarifária, foram registrados aumento das tarifas em Belo Horizonte (+8,57%), em uma das concessionárias de Porto Alegre (+4,41%) e em Curitiba (+3,28%). Por outro lado, houve redução das tarifas de uma das concessionárias do Rio de Janeiro.
Veja a variação de cada grupo de despesas:
- Alimentação: -0,18%
- Educação: 0%
- Cuidados pessoais: +0,07%
- Artigos de residência: +0,08%
- Comunicação: +0,11%
- Despesas pessoais: +0,23%
- Transportes: +0,27%
- Vestuário: +0,75%
- Habitação: +0,99%
O que é o IPCA
Inflação oficial é calculada a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.
IPCA abrange a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.
Análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE realiza as coletas de preços nas regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e do Distrito Federal. Também há pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.






